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Sistema de saúde brasileiro: exemplo a ser seguido e a ser melhorado

A aprovação da reforma da saúde que prevê um sistema universal nos EUA, na semana passada, trouxe à tona a discussão sobre o modelo público brasileiro do Sistema Único de Saúde (SUS), que completa 22 anos em outubro. E mesmo que os problemas sejam grandes e haja muita melhoria a ser feita, a Organização Panamericana da Saúde (OPAS) considera o SUS um exemplo a ser adaptado nos países do continente americano, inclusive nos EUA, onde 46 milhões de pessoas ainda não têm acesso a saúde pública, quadro este que o presidente Barack Obama quer reverter.

Segundo o professor-titular de saúde coletiva da faculdade de ciências médicas da Unicamp, Gastão Wagner Campos, a resistência em se adotar um sistema público de saúde nos EUA obedeceu à lógica do mercado. "Boa parte dos médicos, especialistas, hospitais e a indústria farmacêutica foi contra a reforma porque tem medo de o estado regular preços e finalidadede internações", diz

O SUS começou a ser idealizado por profissionais da saúde, universitários, sindicatos e movimentos populares na década de 1970, quando, na Europa, países como Suécia e Inglaterra já tinham um sistema universal de saúde desde 1930, 1940. A experiência do Velho Continente foi usada para elaborar a proposta brasileira, cujo um dos principais autores foi então deputado federal do PT, Eduardo Jorge Martins, atual secretário do Verde e Meio Ambiente da cidade São Paulo. "A proposta levava emconta a realidade brasileira e considero que foi quase revolucionária num país campeão mundial de desigualdade social, numa época em que metade do país era considerada indigente", conta Martins. O projeto foi aprovado na Constituinte de 1988 e, hoje, 75% da população, ou 140 milhões de pessoas, dependemdo SUS.

Da década de 1990 para cá, houve avanços consideráveis . O país conseguiu erradicar o sarampo antes mesmo do Japão, também erradicou a poliomielite, virou referência mundial na prevenção e no tratamento da aids (atraindo pacientes da África ou mesmo dos vizinhos latino-americanos), e temo maior programa público de transplante do mundo, onde o SUS responde por quase 100% das cirurgias. "Também conseguimos ampliar a assistência pré-natal, o tratamento contra o câncer e no caso dos índices de hipertensão e diabetes expandimos 40%da cobertura", conta Gastão Campos, da Unicamp. Segundo ele, foi graças ao SUS - e não à melhora de vida nas cidades - que a esperança média de vida do brasileiro aumentou 10 anos de 1980 para cá, ultrapassando os 70 anos, e a taxa de mortalidade infantil caiu de 69 óbitos para cada mil crianças para cerca de 23 óbitos no mesmo período

Uma das grandes deficiências do SUS, no entanto, é o subfinanciamento -criticado até pelo ministro da Saúde, JoséGomes Temporão. Oorçamento de 2010 prevê gastos para a pasta de R$67 bilhões, valor só inferior ao ministério da Previdência Social (R$258 bi) e de Minas e Energia (R$94 bi). Mas o professor da Unicamp calcula que seriam necessários cerca de R$ 100 bilhões. "Os estados precisam cumprir a lei destinando 12% do orçamento para a saúde e os municípios 15%" diz. Mas há sempre uma forma de dizer que é saúde o que nostricto sensu não é - investimento em outras áreas, por exemplo. Falta, ainda, dar um passo adiante com o sistema brasileiro e ter um engajamento à altura dos EUA para aperfeiçoar o que ainda falta. "O que Barack Obama fez lá (engajado com a saúde), nenhum presidente brasileiro, desde Collor teve a coragem de fazer que é levantar a bandeira de um sistema universal de saúde. Aqui, nós temos a lei, mas não temos interação das autoridades com a sociedade para valorizarmos o seguro nacional", alerta Gastão Campos

Fonte: Brasil Econômico

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