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OMS: “Grande número de óbitos deve-se à transparência do Brasil”

por Conceição Lemes

Até o dia 2 setembro, o Brasil tinha registrados 657 óbitos por gripe suína. Uma taxa de mortalidade de 0,34, ou seja, 34 óbitos para cada 100 mil brasileiros. É a sexta taxa do mundo.
“O número de mortes causadas pela Influenza A (H1N1) no Brasil não indica que a nova gripe seja mais fatal aí do que em outro país”, afirma David Mercer, diretor regional do Departamento de Doenças Infecciosas da Organização Mundial de Saúde (OMS) na Europa. “Um dos fatores para explicar o grande número de óbitos no país é a transparência das autoridades em divulgar os casos. No Brasil, como nos Estados Unidos, que registram número de mortes maior, os governos são transparentes. Verifica-se uma qualidade no registro dos óbitos. Há alguns países que apontam como causa da morte de pessoas a pneumonia ou outras complicações, só que elas são decorrentes da nova gripe.”
Em entrevista à Agência Saúde, David Mercer abordou ainda a estratégia do Brasil no início da pandemia, o uso do antiviral oseltamivir, o Tamiflu, e a perspectiva da vacina.
AS: Como o senhor vê a orientação do Ministério da Saúde de tratar com antiviral apenas os grupos com maior risco de complicações e os casos graves?
DM: O procedimento foi correto. Essa política recomendada pela OMS aconselha que o tratamento seja dado só às pessoas com sintomas mais graves da nova gripe. Não dá para prevenir a doença com o antiviral. Ele é apropriado para as pessoas de grupos de risco, como gestantes, obesos e pessoas com problemas vasculares ou asma. A medicação também deve ser aplicada nas crianças, que podem ter mais complicações causadas pelo novo vírus. Mas não é necessário prescrever o antiviral para a maioria das pessoas.
AS: O que o senhor achou da estratégia inicial do Brasil de reforçar os cuidados com pessoas vindas de fora do País em portos, aeroportos e zonas de fronteira?
DM: Na fase muito inicial da pandemia, essa é uma medida correta para tentar conter a disseminação do vírus. Mas, agora que a doença se espalhou em vários países, algumas restrições não são mais válidas. Por exemplo, não é preciso deixar de viajar para um local específico para não pegar a gripe A. O ideal é focar em medidas de prevenção, especialmente a constante higienização.
AS: Com a chegada do inverno, a OMS acredita que haverá um aumento no número de casos na Europa?
DM: A OMS está planejando e trabalhando com um aumento de casos no Hemisfério Norte. Mas nós estamos preparados e já adotamos medidas de vigilância, assistência e prevenção para que a situação não se agrave com o inverno.
AS: E qual é a expectativa de vacinação contra a nova gripe? Em que pé está esse processo?
DM: Bem, a vacina está em fase de testes clínicos. O que já podemos adiantar é que essa vacina só imunizará contra a Influenza A (H1N1). Quem quiser se proteger contra a gripe sazonal terá que tomar a vacina específica. Então, as duas vacinas são necessárias, dependendo do caso e do grupo de risco.
AS: Mas haverá vacina suficiente para todo mundo?
DM: Já se sabe da possível escassez de vacina contra a Influenza A (H1N1). Por isso, cada governo deve ter cuidado em garantir a imunização, primeiro, para os grupos com mais risco de complicações. Todos [desses grupos] devem estar protegidos contra a nova gripe. Certamente, o Brasil estará numa posição melhor que alguns países porque terá a produção local da vacina contra o A (H1N1). Mas claro que muitos fatores ainda devem ser levados em conta, como quantas pessoas terão de ser vacinadas.
Fonte: Vi o Mundo

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